A administração da The Navigator Company, gigante do fabrico e comercialização de papel e pasta de papel em Portugal, segundo denúncias que recebemos, está a impor, desde o passado dia 1 de março, o regresso aos horários pré-pandemia na fábrica Figueira da Foz. Segundo os relatos, foram dadas ordens aos profissionais da manutenção para voltarem a exercer a sua atividade nos horários normais, concentrando assim um elevado número de trabalhadores nas instalações por alguns períodos. Desta forma, segundo as denúncias, a empresa não está a cumprir as medidas impostas pelo Decreto-Lei n.º 79-A/2020, que determina que as empresas com 50 ou mais trabalhadores devem “organizar de forma desfasada as horas de entrada e saída dos locais de trabalho, garantindo intervalos mínimos de trinta minutos”.

As denúncias descrevem que a empresa, num primeiro momento, seguindo as indicações legais em vigor desde outubro de 2020, aplicou o desfasamento dos horários para o conjunto dos trabalhadores. No entanto, aproveitando a descida do número dos casos de infeção pelo novo coronavírus e a melhoria da situação sanitária, antecipando que algumas restrições iriam ser levantadas e que se está a alterar a perceção do risco, a empresa baniu a partir de 1 de março esta medida obrigatória de desfasamento dos horários. A administração da Navigator, motivada pela intenção de reduzir os custos associados à reorganização do trabalho, está a promover o aumento de concentração de trabalhadores nas instalações da empresa, com todos os riscos associados.

Os relatos asseguram ainda que os trabalhadores estão também indignados com o facto deste regresso aos horários normais coincidir com uma paragem de duas semanas para manutenção programada, iniciada a 9 de Março, que soma trabalhadores externos aos trabalhadores da empresa, podendo chegar a um milhar de profissionais.

A The Navigator Company, herdeira do antigo grupo Portucel/Soporcel, é a terceira maior exportadora a nível nacional e emprega mais de 3 mil trabalhadores diretamente. Em 2020, apesar da pandemia, apresentou um lucro de 109 milhões de euros. O complexo industrial da Figueira da Foz, localizado na freguesia de Lavos, é uma das maiores unidades industriais do setor na Europa.