Groundforce despede precários e entra em lay-off, apesar da excelente situação financeira

Groundforce despede precários e entra em lay-off, apesar da excelente situação financeira

4 de Abril, 2020 0

A Groundforce recorreu ao mecanismo de lay-off, que pretende aplicar a mais 2.400 funcionários, e já “dispensou” quase um milhar de trabalhadores que prestavam regularmente serviço à empresa através de empresa de trabalho temporário (IATA). Além das notícias que vieram a público, recebemos vários contactos de trabalhadores precários que nos dão conta de já terem recebido carta da empresa intermediária a comunicar o despedimento. Em alguns relatos que recebemos de precários afetados por este despedimento, os contratos que vigorariam ainda durante vários meses, até perto do final do ano.

Apesar destas decisões com fortes efeitos nos trabalhadores e trabalhadoras, a SPdH – Groundforce é uma empresa com uma situação económico-financeira invejável, evidenciado pelo facto de em 2019 ter distribuído 11 milhões de euros de dividendos (relativos ao exercício de 2018) e se ter preparado para distribuir um bolo ainda maior relativamente ao exercício de 2019. A Comissão de Trabalhadores da Groundforce, em carta endereçada a 24 de março ao Governo, pede a intervenção dos poderes públicos e denuncia que “a empresa dispõe nos seus cofres e no crédito bancário de margem financeira, para, sem perda expressiva de solvabilidade, pagar a remuneração de todos os seus trabalhadores até ao fim do corrente ano mesmo que venha a ter a sua atividade paralisada”.

Acrescente-se que, ainda antes de anunciar o recurso ao lay-off, a Grounforce utilizou os mecanismos do costume e tentou pressionar os trabalhadores para que fossem de “licença sem vencimento” ou que antecipassem os seus períodos de férias e, ainda, tentou colocá-los ao serviço de outras empresas. A Comissão de Trabalhadores denunciou também que, após ter pedido o acesso ao lay-off, a empresa dificultou a participação nas reuniões para informação das organizações de trabalhadores, obrigatórias por lei quando as empresas recorrem a este mecanismo.

Ao optar recorrer ao lay-off, a direção da empresa de handling prefere proteger-se a si e aos acionistas, em lugar de se preocupar com o rendimento dos trabalhadores e com os fundos da Segurança Social, isto é, com as pensões futuras. Ao despedir de imediato os trabalhadores e as trabalhadoras com vínculos precários, oportunamente ao seu serviço através de empresas intermediárias, percebe-se que a imposição da precariedade é uma estratégia empresarial consciente e que visa descartar a sua responsabilidade perante quem assegura o trabalho da empesa.

Como fica demonstrado, quando contariam as ações concretas, vê-se que a dita “responsabilidade social” das empresas são meras palavras sem consequências, sobretudo destinadas a adornar os seus relatórios e páginas da internet.