
Go Natural: marca do grupo Sonae despede precários, depois de impor férias forçadas
A Go Natural, marca de restaurantes e supermercados pertencente à sociedade Go Well, da qual a Sonae detém 51% do capital, está a despedir trabalhadores precários. Segundo denúncias que recebemos, a Go Natural implementou a 16 de Março, como medida de contenção, o encerramento de várias lojas, enviando os trabalhadores para casa por tempo indeterminado. Quando os trabalhadores procuraram saber mais informações sobre a evolução da situação, foram surpreendidos com uma inesperada mensagem enviada pela empresa: “neste momento estás de férias, como restante equipa”. Mas a maior surpresa, segundos os relatos que recebemos, aconteceu quando, alguns dias depois, começaram a receber cartas a comunicar a rescisão dos contratos.
Em alguns casos, os trabalhadores e as trabalhadoras tinham iniciado funções há pouco tempo, estando a decorrer ainda o período experimental. Noutros casos, já trabalhavam na empresa desde início de 2019, com contratos a termo certo, renováveis a cada 6 meses.
As denúncias relatam ainda o facto de, apesar do agendamento de férias ter sido forçado e simplesmente comunicado de forma unilateral, sem qualquer acordo, conforme previsto na lei, enquanto os trabalhadores se encontravam em casa por indicação da empresa, o acerto de contas no contexto da rescisão do contrato excluiu o pagamento do montante correspondente a esses dias de férias não gozadas.
A decisão de despedir precários é ainda mais inaceitável, tendo em conta que foi tomada poucos dias antes da Sonae MC anunciar uma ampliação da parceria nacional com a Glovo, que passa agora a incluir várias lojas da marca Go Natural – fica clara a estratégia de aproveitar a crise sanitária para aprofundar a externalização e a precarização da sua força de trabalho. O grupo Sonae anunciou recentemente lucros de 165 milhões relativos ao ano de 2019.