
Filstone mantém trabalhadores a dormir em hotéis, afastados da família e obrigados a trabalho extra
A Filstone, empresa sediada em Fátima que se dedica à exploração de calcários, está a manter 86 trabalhadores num autêntico “cativeiro” para assegurar a continuidade da laboração da sua pedreira. Segundo as impressionantes denúncias que recebemos, a empresa contratou duas unidades hoteleiras em Fátima, onde os trabalhadores são forçados ao isolamento em todas as horas que não estão a trabalhar. Neste regime de reclusão forçada, os trabalhadores estão proibidos de visitar a família, ou de receber visita da família ou outras pessoas no hotel. Um estafeta da empresa vai todos os dias ao hotel para entregar as compras solicitadas pelos trabalhadores (como alguma comida ou tabaco). As refeições (pequeno almoço, almoço e jantar) são fornecidas na pedreira ou no hotel.
Os trabalhadores apenas saem do hotel para trabalhar, estando, ainda para mais, obrigados a uma longa jornada: de segunda a sexta, das 7h às 19h; e ao sábado das 7h às 15h. Este regime imposto pela empresa faz com que os trabalhadores sejam obrigados a prestar trabalho extraordinário diariamente, pois são transportados pela empresa do hotel para a pedreira, onde passam por local de descontaminação à entrada, e, após 12 horas, passam no local de descontaminação à saída e são novamente transportados para os hotéis. Ao domingo, dia de suposto descanso, estes trabalhadores ficam confinados ao hotel.
O clima é de coação e ameaça constante, pois os trabalhadores são pressionados a aceitar estas imposições. As chefias ameaçam que, em caso de denunciarem a situação, serão colocados em casa sem qualquer vencimento. Acresce ainda que há vários trabalhadores que se encontram com contrato a termo prazo, para quem a ameaça de não renovação é mais um fator para inibir a denúncia. As famílias dos trabalhadores encontram-se desesperadas e, também elas, pressionadas para não denunciar esta selvajaria patronal, dado o impacto que a quebra de rendimentos originada pelo despedimento teria no contexto familiar.
A empresa não hesita em privar os trabalhadores da sua liberdade, sob ameaça de despedimento, para os remeter a um confinamento cujo o único objetivo é assegurar que continuam sempre a trabalhar. Esta situação exige a imediata atuação das autoridades, para restituir a liberdade e os direitos das pessoas que estão a ser afetadas por esta brutal conduta patronal.