Auchan obriga trabalhadores a compensar horas não trabalhadas devido a novas restrições
A Auchan, um dos maiores grupos do retalho presentes em Portugal, está a impor aos seus funcionários a obrigação de compensar as horas não trabalhadas em resultado das restrições aos horários de funcionamento das lojas, definidas recentemente pelo Governo. A denúncia é do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), que assegura que a administração da Auchan, perante o confinamento imposto aos fins de semana, comunicou “à maioria dos seus trabalhadores que têm de sair até às 14h e estão obrigados a compensar as horas não trabalhadas no prazo de 8 semanas”. O sindicato sublinha que “os trabalhadores, com declaração da empresa, podem deslocar-se para o seu local de trabalho e estão disponíveis para trabalhar no seu normal horário”, avançando que “se a empresa decide dispensar o trabalhador do dever de assiduidade assume igualmente que lhe paga o salário”. A estrutura sindical afirma ainda que “as autoridades competentes têm o dever de intervir para repor a legalidade”.
A administração da Auchan, em declarações à imprensa, admite que tomou a decisão de alterar os horários dos trabalhadores na sequência das medidas definidas pelo Governo. A direção da empresa garante que esta medida “está a ser feita dentro do mais escrupuloso cumprimento da legislação” e com acordo de cada um dos funcionários, afirmando mesmo que “não há nenhuma obrigatoriedade de mudar de horário”. Uma versão que é desmentida pelo sindicato e por vários testemunhos de trabalhadores nos comentários da publicação do comunicado do CESP.
Recorde-se que o CESP tinha já acusado recentemente a Auchan de rejeitar reunir para discutir as propostas do sindicato e lembra que, mesmo tendo visto os seus lucros crescerem em plena crise pandémica, o grupo se recusa a “melhorar as condições de vida e de trabalho dos trabalhadores ao seu serviço”.
A francesa Auchan é um dos maiores grupo de retalho a nível mundial, com presença em 14 países e mais de 300 mil trabalhadores. Em Portugal, o grupo é dono de uma cadeia de mais de 90 espaços, entre lojas de retalho e gasolineiras em vários pontos do país, com mais de 8 mil trabalhadores.
Ver também notícia em Esquerda.net.